Sobre a Carta a Revista Veja

A/c Revista Veja

Sou formado em Ciências da Computação e sou graduando do curso de pedagogia da universidade São Judas Tadeu.

Recentemente percebo que a revista Veja tem dado o devido destaque ao debate educacional, mas aos poucos estou percebendo certo sensacionalismo inerente àqueles que não sabem o que diz mas tudo dizem.

Estou completamente indignado com o fato de a revista tratar o Construtivismo como um simples método educacional de alfabetização, o que é um absurdo. Numa pequena pesquisa em qualquer site de busca com a seguinte pergunta “o que é construtivismo” seremos levados à uma série de sites que de uma forma ou outra nos mostram o que realmente é tal proposta.

A revista veja, que é uma das mais lidas revistas em circulação, deveria se preocupar um pouco mais com a veracidade e qualidade daquilo que escreve e publica, pois geralmente isso é tomado como verdade absoluta entre aqueles que a leem. Ao afirmar que 60% das escolas brasileiras são construtivistas a revista certamente erra, as escolas brasileiras em sua maioria são tradicionais, basta analisar o currículo que elas empregam na educação, agora caso encontremos algum currículo que indique uma proposta construtivista, ainda teremos que olhar a maneira como essa escola trabalha.

Outra grande besteira feita pela revista foi confirmar que as escolas Europeias e Norte Americanas usam o metodo fonico e não são construtivistas, ora, a Europa é o maior berço do construtivismo e nada impede que uma proposta construtivista utilize o metodo fonico como parte do processo.

Associar o fracasso da educação no Brasil ao método que está sendo aplicado nas escolas (e podemos facilmente perceber que é uma forma tradicional de ensino na grande maioria das escolas, outra grande parte está num processo de transição, mudando do tradicional para o construtivista, e por fim uma pequena minoria arrisco-me a dizer menos de 5% já estão utilizando-se da proposta construtivista) é certamente um erro, seria como em um time de futebol que so perde de goleada trocar o atacante do time pois ele não faz gol. O método utilizado pelo professor no processo de alfabetização certamente deve ser discutido, mas não ser colocado como o principal fator que leva a educação brasileira a ser a pior educação do mundo, outros fatores devem ser levados em conta, fatores políticos, fatores culturais, etc.

Mas essa visão que a revista mostra pode ser justificado pelo absurdo cometido pela revista na sua edição de 3 de maio de 2006, em seu suplemento veja São Paulo, na capa da revista lemos:

“O futuro já chegou às escolas – simuladores de realidade virtual, internet sem fio e lousas digitais estão revolucionando as aulas nos colégios paulistas”

Tenho 28 anos e nasci na cidade de São Paulo, leciono deste os meus 19 anos em escola particular, tenho amigos educadores que também trabalham em escola particular e posso garantir que o futuro chegou a uma pequeníssima parte dos colégios paulistas, simuladores de realidade virtual, isso é parte de uma minoria, que certamente pode ser contada nos dedos.

Para ser bem otimista vou pensar que na cidade de São Paulo 200 colégios utilizam tais aparelhos, num universo de centenas e milhares de escolas, esse número chega a ser irrisório e, na realidade, não acredito que esses escolas somadas cheguem a 100 unidades.

Logo, uma revista que parte de um pressuposto que se uma pequena parte dos colégios particulares da cidade utilizam de tal tecnologia é o suficiente para ter em sua capa: “O futuro já chegou às escolas – simuladores de realidade virtual, internet sem fio e lousas digitais estão revolucionando as aulas nos colégios paulistas” quando na realidade muitas das escolas nem computadores possuem e outras ainda lutam por paredes, pode-se esperar que essa mesma revista coloque o Construtivismo como método e ainda começe a questionar a eficácia de tal proposta.

Para não ficar nesta de apenas criticar, procurem um profissional da área de educação que realmente entenda o que é construtivismo, escutem esse profissional, debatam com ele, vejam os pontos fortes e fracos de uma ou outra proposta educacional. Enquanto a intenção dos pensadores for a de achar um culpado, seja ele um metodo, modelo ou proposta, certamente a educação nacional não terá futuro. É preciso sentar e discutir propostas e não ataca-las.

Em relação a tecnologia educacional, procurem algo sobre webquests, podcast, webgincana, etc. Certamente isso esta mais próximo de uma porcentagem de escolas da cidade.

 

Atenciosamente

Nivaldo Junior

 

 

 



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