Coração mofa no peito
Virou parasita
Já não sente medo
Já não pulsa a vida.
Dói o escrever.
Desiste de tentar
Sentimentos se foram
palavras não vão voltar.
É triste então o poeta
Vive o luto do amar
esquece a alegria do sabor
já não quer o despertar.
Putrefata então o escrever
decompõe o pensar
morre o prazer
em escrever, em amar
Vem então a jovem lívida
com a ternura a transbordar
um amor que contagia
um desejo de amar
Faz renascer o desejo
não de alguém amar
escreve o poeta a ti, jovem
e faz do escrever, um brincar
Pinta então, o Poeta
um novo quadro está a riscar
usa de lívidos sentimentos
És branco seu desejar.
E a jovem adormece
Sem saber do bem que lhe faz
adormece lívida menina
que lhe emprestou a sua paz.