Sobre ser ‎”Estremanente errado”

Hoje, estudando piano (intervalos de quarta), novamente me deparei com a questão do simples e do simplório, que tanto me foi dito na universidade e que tanto falo aos meus alunos, também na universidade. Isso sempre me fascina.
Todos os dias nós, humanos e humanas, deixamos de admirar o simples para nos maravilharmos com a complexidade do simplório, nos deparamos cotidianamente com a complexidade do simplório e nos maravilhamos com ela.
O simples erro, por exemplo.
Um sujeito em uma rede social qualquer comete um erro ortográfico, algum erro de concordância ou qualquer tipo de erro é imediatamente por nós, juízes da complexidade da língua portuguesa condenado.
Muitas vezes ao invés de termos a simplicidade de corrigir a pessoa, de avisá-la do erro, de ensiná-la por fim, somos simplórios ao ponto de xerocopiar o erro, digitaliza-lo e escancarar esse erro para toda uma sociedade.
Um bom exemplo disso foi quando iniciei meu projeto de mestrado. Apresentei ele a três professores da minha graduação na intenção de pedir ajuda, dois deles simplesmente me chamaram de canto e me mostraram: Você esta errando aqui e ali: (Jarbas Barrato e Antônio Gouveia), o outro foi apenas simplório em me dizer: Você não tem condição.
É comum ao invés de escolhemos o caminho mais simples, o do diálogo, escolhermos o caminho mais simplório: o de juízes, no caso do erro ortográfico, o de Juízes da língua portuguesa.
Não digo isso em favor do erro, como pedagogo e curriculista sei muito bem da importância do erro. Digo isso em favor dos humanos e humanas.
Pessoas que, talvez para que toda uma estrutura que serve a nós, os juízes do direito e da moral da nossa língua, não tiveram oportunidade de frequentar as escolas que nós frequentamos, de ler os livros que nós lemos, de falar da maneira que nós falamos.
Por nós, esses infratores da língua portuguesa, devem ser julgados e condenados. Se possível serem expulsos das nossas redes sociais ou, até mesmo, serem rebaixados de uma rede social de alto nível para uma rede social de menor nível, pois nós, pessoas complexas, não podemos conviver com essas atrocidades da língua portuguesa.
Gosto da simplicidade, gosto do jeito simples das pessoas falarem, gosto da simplicidade de uma família tocando violão. Chego a amar os simples sonhos. Recentemente recebi um vídeo lindo, de uma família reunida cantando. Porem todos, absolutamente todos, que me mandaram o vídeo, mandaram apontando um dedo para o, segundo eles, ridículo que a família estava passando.
Muitos daqueles que me mandaram o vídeo, certamente nunca, absolutamente nunca, tiveram um momento sequer parecido de união como aquela família mostrou ter no vídeo. Muitos dos que me mandaram o vídeo vivem, como diria Mario Sergio Cortella em tocas.
Da maneira mais simples que se possa existir eu tenho raiva dessas pessoas, simplesmente as odeio. Odeio da forma mais simples de se odiar alguém. Tais pessoas que em nome de qualquer tipo de moral, usam do erro alheio para mostrar a sua complexidade são por mim ignoradas e, talvez esse seja meu maior erro.
Portanto, se possível, antes de ridicularizar alguém que escreveu errado, que leu errado, que cantou errado. Tente entender e perceber que muito provavelmente, você também tem é responsável por aquele erro.
Mas, como diria o Matias do Filme Tropa de Elite:
“Do apartamentinho de vocês daqui da zona sul não dá pra ver esse tipo de coisa não!”

1 comment

  1. É como eu sempre digo se não tem nada de útil pra dizer, fique calado… Você possui dois ouvidos e uma só boca, então preste mais atenção no que os outros dizem para possuir conteúdo para falar aos outros.

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