Sinto no peito o gosto amargo
gosto ora forte ora fraco
sabor que em meu peito vive
coração que apenas bate. Sobrevive
É o gosto da presença eterna
de quem há muito se fora
gosto triste e calejado
do peito desalmado
peito cuja alma fora expulsa
e vive então na amargura
sabendo que nunca vai esquecer
condenado a jamais re-viver
simplesmente condenado a chorar
Não sente o sabor do lembrar
por não saber esquecer
novamente, condenado a não reviver
não vê a beleza da lembrança manchada
cujo o tempo maldosamente rasgara
deixando somente a lembrança
do tempo da bonança
Não, ele não esquece
Não tem do que lembrar
simplesmente apodrece
já não consegue amar
Sim, ele sente a dor
a foto não precisa olhar
é tudo o mesmo sabor
não precisa a mente refrescar
talvez, ele acredite em outras vidas
e por isso ele pense em se matar
não para curar as feridas
mas por esquecer-se de como lembrar.
Lord Pascal