Enquanto as relações forem Polícia X Manifestante, Povo X Político, Professor X Aluno, Patrão X Empregado, etc, Nunca vamos chegar em lugar nenhum, pois não estaremos “Lutando“ pela comunhão, estaremos lutando pelo Poder.
Li em um texto do professor Alípio Casali, que Poder nasceu como verbo, não como substantivo. E como verbo, ninguém tem o Poder, ninguém é dono do poder, mas pessoas deveriam ter o poder como ação. E não como posse. O poder, como substantivo, é um erro, uma heresia em minha opinião.
Transforma as relações em uma disputa pelo ter. Quem tem mais poder, quem manda mais, quem intima mais. Vencer não está mais associado a ter um bom argumento e sim a uma questão de força de mostrar quem tem mais força.
Vira selvageria. E não estou culpando policia ou manifestante. A policia apenas cumpre ordens. Apenas isso. Certamente antes da pancadaria começar algum politico vira para o secretario de segurança e fala: “Você faz o que você quiser, mas eu não quero ninguém na avenida paulista. Quero um basta. Chega. Pois se você não der um jeito nessa situação eu vou arrumar alguém que de um jeito.”
E pronto. O cenário está armado. O policial tem que obedecer ordens. Ele tem que mostrar que o PODER está na mão da policia, não importa o quanto certa esteja ou não a manifestação, agora a luta é pelo poder.
E para que o poder? Para baixar o preço da passagem para R$ 2,50? Para fazer um transporte publico de qualidade?
Voltarei as minhas aulas de mestrado, quando o Mario Sergio nos orientava: A Educação Brasileira está em um barco e, muitas vezes, nos vemos passeatas, greves, brigas, para discutir o tamanho desde barco, qual a velocidade ideal da remada perfeita para o barco se movimentar melhor, quantas pessoas deveriam estar no barco, se não deveríamos trocar o barco por avião, se o preço da passagem do barco não está muito alto, se homens e mulheres não deveriam usar barcos diferentes, se mulheres podem usar saia nesse barco, qual a melhor religião para esse barco, por fim, brigamos todos pelo poder de tomar essas decisões, entre nos lutamos, derrubamos uns aos outros para ter o direito de Gritar: O Remo tem que ter 2 metros. Queremos o Poder da decisão.
Mas nunca, absolutamente nunca perguntamos: Para onde o barco está indo? E, pior ainda, porque estamos indo para esse lugar? Quem decidiu que temos que ir todos para lá? Quem está no timão do barco?
Enquanto o aluno lutar contra o professor pelo poder, o Patrão lutar contra o Empregado por um lucro maior a Policia lutar contra o Manifestante pelo espaço publico. Nunca, absolutamente nunca conseguiremos, fazer, professores com políticos, com patrões, com empregados, com policia, com manifestantes, com alunos, todos decidam Juntos para onde vamos.
Pois enquanto nós brigamos aqui pelo poder ir mais barato, eles decidem lá para onde nós vamos.