Acho que amadureço. Certa nostalgia tomou conta de mim…
Sempre vi pessoas com mais experiência vivendo momentos de nostalgia, e não era incomum eu achar aquilo um porre. Ora, pensava eu, quem vive recordando o passado esquece de viver o presente, pois o tempo não foi feito para recordar e sim para ser vivido.
Mas, ultimamente, uma saudade me fortalece. Sinto-a de forma diferente. Sempre escutei pessoas falando de uma “saudade que lhes consumia” e, com toda preciosidade que a arrogância pode me dar, acho que ai está o erro.
Não quero, e talvez não posso, ter uma saudade que me consuma, que me engula em momentos tristes que, na verdade, são frutos de lembranças que foram felizes (ou não).
O tempo foi sim feito para recordar. Se não qual seria a utilidade do ontem? Ele não existiria. Não haveria, ao menos, a palavra ontem. Só hoje e amanhã, e assim quando o hoje passasse, ele simplesmente sumia. Sem lembranças, sem dores, sem sabores.
Mas são os sabores que adoçam as nossas lembranças, são os gostos dos nossos desgostos que nos fazem ter apenas uma certeza, a que estamos vivos. Hoje aprendo que, estar vivo, é também lembrar do passado. É revivê-lo, senti-lo, ressenti-lo.
Aprendo agora a viver no presente lembranças do passado, mas não as choro ou as desejo, apenas as revivo. Revivo-as em minha mente, sinto suas dores, suas alegrias e seus sabores. Mas não as desejo para o agora, as quero ali, no meu ontem, onde eu possa visitá-las sempre, não para matar as saudades (saudades não morrem apenas adormecem) mas para vivê-las, ou melhor revivê-las, e desta forma provar, num outro tempo, o sabor que tinha, outrora, minha vida.