Entre todos meus amores e entre todas minhas dores, o sentimento que eu tenho por São Paulo é algo que nunca vou conseguir explicar. As vezes, eu confundo com uma relação de amor e ódio. Mas acredito que vai muito além disso. Sou filho de São Paulo, e acredito que essa cidade fez de mim sua imagem e semelhança.
Ninguém escolhe onde nasce, na verdade algumas religiões afirmam que escolhemos o nosso lugar de nascimento mas, a grosso modo, somos jogados em algum lugar do mundo para cumprir o nosso destino. Até mesmo naquelas religiões que se acredita escolher o lugar de nascimento, esse escolher é chamado de Destino. Bom, esse foi o meu destino, nascer em Sampa. Assim como outras centenas de milhares de pessoas estava eu destinado a nascer nessa cidade gigante.
Sim uma cidade gigante, a terceira maior cidade do planeta e, ainda assim, mesmo dividindo essa cidade com mais de 20 milhões de habitantes, eu chamo essa cidade de minha. Essa é a minha cidade, essa é a minha casa e você já tentou explicar a sua casa? Tente. Perca um ou dez minutos para tentar explicar a casa onde vive e seus habitantes. As relações que acontecem nela, como funciona a cozinha, como funciona o controle remoto da T.V. ou, melhor ainda, tente explicar a bagunça organizada do seu quarto.
Sabe quando você arruma seu quarto, deixa tudo arrumadinho, ai entra alguém e fala: “Nossa você precisa arrumar o seu quarto!” e você pensa: “Mas eu acabei de arrumar!”. É justamente isso que você sente quando alguém de fora tenta entender São Paulo: “Mas vocês vivem sempre correndo assim?”, “Nossa você tem coragem de comer Pão de Queijo no posto de gasolina?”, “Mas tem loja aberta a essa hora?”.
E nós, a turma do meu, pensamos: Ah meu, essa é a minha cidade, esse é o meu quarto, para você ele está todo bagunçado, mas, na verdade, ele esta arrumado do meu jeito. Sei onde fica cada coisa em São Paulo, sei onde achar tudo.
Minha cidade meu. é o meu mundo. Talvez eu não nunca consiga explicá-la. São Paulo não foi feita para se explicar, São Paulo foi feita para se sentir e eu sinto São Paulo, mais que sinto, eu vivo São Paulo e parte minha acredita que só consiga conjugar este verbo, viver, aqui.
Lembra da historia do destino? Você não escolhe o lugar onde nasce, lembra? Mas você escolhe o lugar em que você vive. Você pode mudar o seu destino. E quantos destinados a nascer em outras cidades, estados e até mesmo países, escolhem tentar o destino aqui, na minha cidade. Quantos escolher viver em São Paulo, e hoje chamam essa cidade de minha cidade.
Pois, mesmo se você nasceu em outra cidade, quando você viver um tiquinho aqui, você vai descobrir como é gostoso ser paulistano em São Paulo. É impossível não se encantar por São Paulo, e é impossível não se sentir paulistano quando se tem aqui um canto para chamar de meu, uma cidade para chamar de sua, porque paulistano não fala meu por uma questão de sotaque (paulistano em geral não tem sotaque), paulistano fala meu, para se lembrar do seu canto, da sua cidade, do meu quarto.
Pois o Paulistano, mesmo aquele nascido em outro lugar, ama a minha cidade meu.